Acaso acontece.

José X Nina.

novembro 23, 2010
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José acordou no fim da tarde com uma preguiça enorme! Esticou os membros superiores, depois os inferiores e por fim a coluna em uma espreguiçada digna de rei. Penteou o bigode e enquanto tirava a remela do olhou viu Nina passando na calçada. Toda fogosa era pura alegria e ele por um momento acreditou nisso.

Momentos antes Nina estava ansiosa, já era quase seis da tarde e a Lu iria chegar para passear com ela. Quando a porta abriu Nina já sabia que era Lu e foi correndo encontrá-la. Ganhou um cafuné na cabeça e uma massagem na barriga. Adorava aquilo e às vezes se mijava de emoção. Esperou Lu trocar de roupa, passar no banheiro e depois na cozinha onde sempre pegava uma fruta. Pegaram o elevador e logo já estavam na rua, o destino era a praça no quarteirão de baixo.

A única coisa que fazia José levantar, mesmo depois da espreguiçada, era a certeza do banquete que viria. A chuva que caiu na madrugada anterior e chegou até o meio dia, inundou muitos bueiros, ratos desabrigados eram um prato cheio. Apesar que, José preferia filhotes nos ninhos, ou caídos deles, a chuva realmente trazia a fartura. Era só esperar e logo escutaria o pio de algum passarinho indefeso, o jardim da praça era perfeito.

Nina tinha um pouco de medo dos gatos da praça, eles tinham ar misterioso, andavam pelos cantos, não tinham nada e sabe-se lá o que comiam. Uma vez ela chegou a sentir pena e pensou ser privilegiada no mundo, tinha casa, cama, comida e muito carinho.

José levantou e se esgueirou até o pé de manga, lá havia alguns ninhos. Subiu na primeira galha e ficou escondido só na espreita. Quando viu Nina voltando com a sua dona, pensou: pobre coitada, vive na coleira, não tem liberdade. Malditos humanos que escravizam os animais. Não teve dúvida e com um pulo preciso derrubou a dona de Nina, mais rápido ainda tirou-lhe a coleira do pescoço e fugiu.

Nina em estado de choque mal latia, tentou um chorinho, mas quando viu a sua dona no chão, só conseguiu dar umas lambidinhas em sua mão, tentando dizer: eu estou bem. Aquele gato bandido já se foi. Vou protegê-la


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